sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ultraviolet

http://www.youtube.com/watch?v=XTDb6GBiMKI&feature=related
Essa letra é a que melhor define meu momento. E dói... 

Tempo

Um bom tempo se passou desde que postei pela última vez. Aliás, um tempo não tão bom assim. Minha filhote, Morena, faleceu no dia 15 de fevereiro. a dor ainda é bastante intensa e foi o que me impediu de voltar aqui.
Também aconteceram coisas boas: descobri-me grávida. Quando Morena foi embora, tenho certeza de que ela só foi porque sabia que eu não estaria mais sozinha.
Estou com 30 semanas (ou 7 meses), meu bebê será um menino e se chamará Pedro. Eu devia estar feliz. Acho que só Vinícius de Moraes consegue me definir agora com seu poema "Dialética". Termino meu post com ele.


"É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste..."


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Medo

Hoje eu estava dando aula e de repente senti um aperto grande no coração. Vim logo pra casa preocupada com Morena (minha doberman que tem estado meio adoentada ultimamente). Ela está se recuperando de uma cirurgia que eu acreditava ter corrido bem.
Ao chegar em casa, vi que ela, apesar de feliz com a minha chegada, mancava um pouco, e de um jeito que eu nunca tinha visto. E então o medo de perdê-la tomou conta de mim.
Sei que pode parecer bobo para quem não tem animais esse sentimento em relação a eles, mas eu garanto: tenho pela Morena um amor profundo, talvez porque ela seja o único ser do qual tenho certeza absoluta do seu amor.
Vocês podem perguntar sobre meu marido, minha mãe, mas esses amam e se magoam, brigam. Já Morena está sempre comigo, ao meu lado, me consolando quando estou triste, me fazendo festinhas quando estou feliz. Agora, por exemplo, enquanto escrevo este texto, ela está aqui, deitada ao lado da minha cama. Se eu me levantar, ela certamente irá atrás. Se eu for ao banheiro, ficará me esperando na porta.
Esse amor e devoção incondicionais nada nem ninguém no mundo além dela me demonstrará. E tudo o que eu mais queria na minha vida hoje era vê-la bem, curada, correndo atrás dos pombos e latindo pra qualquer ser que passasse lá fora.
Morena está envelhecendo, e eu queria que ela vivesse mais, fosse mais feliz, conhecesse meus filhos, mas estou com um medo danado de que isso não aconteça.
Se alguém ler esse texto, reze ou ore por ela. E por mim. Por nós.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Sonhos

Quando eu era criança, sempre ouvia que "todos os nossos sonhos seriam realizados". Eu acreditava nisso, mas achava que nem tudo poderia ser considerado sonho, senão Deus seria bonzinho demais. Então eu escolhia aqueles desejos mais difíceis e os enquadrava na categoria "sonho".
Durante muito tempo, o meu maior sonho (e que eu tinha certeza de que seria realizado um dia) era que meus pais voltassem a viver juntos. Eu sempre quis uma família como a que vemos nos livros didáticos e nos comerciais de TV. Isso nunca aconteceu. Cresci, e vi que nem todos os sonhos são sequer realizáveis.
Hoje, tenho sonhos mais prosaicos: terminar o Mestrado (que é o meu carma!), ter um filho, ter controle sobre a minha vida financeira e ver quem eu amo feliz. Ainda guardo um sonho bobo, infantil, que é morar na zona sul do RJ. A única diferença é que sei que nem todos os meus sonhos serão realizados. E eu já deveria saber lidar com isso. Será que algum dia aprendo?



sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Minha cidade

                Depois de um longo e tenebroso inverno, voltei. E o assunto que não me sai da cabeça é eleição. Tenho bastante receio de que os avanços conseguidos pelo Governo Lula sejam neutralizados numa eventual vitória do PSDB. Mas meu pior medo é de nada mude no meu estado, Rio de Janeiro, e que continuemos reféns do medo, da impunidade e do abandono.
                Brinco sempre dizendo que moro mal. Esta é uma brincadeira com muito mais do que um fundo de verdade. A cidade onde moro – São João de Meriti – é, de todas as cidades que compõem a Baixada Fluminense, a mais pobre, a mais desconhecida e talvez a mais ignorada pelos governantes. Aqui não temos nada em termos de lazer. Temos apenas um shopping, porque a única coisa que realmente tem valor é o nosso dinheiro.
                Perco, normalmente, quatro horas do meu dia no trânsito, indo e vindo do trabalho. Estou constantemente esgotada tamanho o cansaço diário devido a essa “maratona”. E o que os políticos prometem? Pra nós, da Baixada, nada. Todos os projetos visando à Copa ou às Olimpíadas, por exemplo, são para a cidade do Rio de Janeiro. Mais uma vez, ficamos de fora.
Seria interessante que os governantes percebessem a importância de se criar uma condição agradável de moradia e permanência nos municípios da Baixada Fluminense. Pode parecer redundante, mas eu gostaria muito de gostar de morar onde eu moro. O que tenho, porém, é vergonha. Vergonha da sujeira, do quanto a cidade é feia, do tempo que levo para chegar a minha casa...
Meu maior sonho é que algo fosse feito, mas não tenho mais esperança alguma. Acho que o que vai acontecer é a minha mudança: provavelmente me mudarei daqui antes de a cidade mudar. Mas a minha dor continuará, porque o que eu mais queria era ter orgulho da minha cidade, poder admirar sua beleza e dizer que moro em São João de Meriti porque gosto. Pena que a cada dia esse desejo fica mais impossível.

domingo, 12 de setembro de 2010

Adolescência

Todos que me conhecem sabem que sofri um bocado na infância e, principalmente, na adolescência. Eu era gorda e sofria todo tipo de agressão verbal devido a minha forma física. "Baleia" era o apelido mais carinhoso.
Isso, que para a minha família não era problema nenhum, pra mim era a morte! Chorava, chorava, mas não conseguia mudar, e via na comida minha única amiga e meu maior prazer.
O tempo passou, eu cresci, emagreci, mas ainda me vejo no espelho como aquela menina que não atraía os olhares de ninguém. Aliás, atraía, sim, olhares de deboche.
Por que estou escrevendo sobre isso? Porque estou assistindo "Glee", um seriado americano que retrata os adolescentes "losers" (eu mesmo fui uma) numa escola em que o bullying é quase institucional. Estes jovens veem num clube de música a possibilidade de inclusão entre os seus iguais, e nos faz perceber que mesmo os tipos mais populares no universo escolar também têm suas inseguranças e problemas.
Parece bobo eu, uma mulher de 31 anos, ficar assistindo um seriado que retrata as dores de um grupo de adolescentes. Afinal, eles não têm problemas de verdade, certo?
Errado, erradíssimo! Eu sei que o sofrimento que sentimos quando adolescentes é real, beira a dor física. Ser chamada de gorda era quase uma facada literal que eu recebia todos os dias e o descrédito da minha família com este que era "O" meu problema fazia tudo parecer ainda pior.
Por isso, minha paixão atual chama-se "Glee". Meu personagem preferido é Kurt, um menino que, num episódio antológico que me tirou lágrimas dos olhos, se revela gay para o mais machão dos pais. Se eu sofri horrores por ser gorda (algo possível de ser mudado com um pouquinho de força de vontade), imagine ser gay e ser adolescente? Imagine ter de lidar com um tipo de preconceito que é aceito e tolerado por quase toda a sociedade e ser visto como único culpado por esse sofrimento?
Enfim, sei que a adolescência é um período muito difícil. Algumas vezes, ela não termina. Mas sei que os jovens de hoje têm mais informações do que eu tinha e podem se ver representados, ainda que na ficção. Além disso, podem perceber que seus problemas existem de fato e têm solução. Até Hollywood já percebeu isso. Eu queria que, quando eu era adolescente, houvesse um seriado, uma novela, um filme em que eu me visse representada. Pena que "o progresso sempre chega tarde". Espero, pelo menos, que hoje os meninos e meninas vejam que "it's just a moment. This time will pass".
P.S.: Este aqui embaixo é o Kurt.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Solidão?

É incrível, mas uma das coisas de que mais gosto é ficar sozinha no silêncio. Agora, por exemplo, acabei de chegar a minha casa, abri as portas, ouço apenas o canto dos passarinhos e os meus pensamentos.
Pensando bem, não está tão silencioso assim, mas é exatamente este o som que gosto de ouvir. Será egocentrismo demais?
Esses momentos sozinha são de extrema importância pra mim. Preciso me sentir um pouco sem obrigações, sem amarras, e só me sinto assim quando estou só.
Isso não quer dizer que eu queira ficar sozinha sempre. Quem me conhece sabe que aprecio muitíssimo a companhia dos meus amigos, dos meus alunos queridos... Do meu marido então nem falo nada. Mas acho mesmo que precisamos estar em companhia de nós mesmos de vez em quando. Só assim acho que podemos nos conhecer um pouquinho e descobrir do que realmente sentimos falta.
Se isso é solidão, acho que gosto dela.